terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Memórias crônicas.


Está tendo início a madrugada do dia 28 de dezembro. Foi na noite do dia 27 do ano passado que chegou meu videogame pelo correio. Eu montei e provavelmente a essa hora eu estava jogando um produto que já era meu sonho de consumo há algum tempo. Mas eu jogava triste. Aquela tecnologia não era suficiente para suprir a minha dor.

Milú, a minha cachorra, já não andava mais. A levaríamos ao veterinário na manhã seguinte do dia 28, este mesmo de agora, um ano atrás. Foi a última noite que ela passou aqui em casa. Era um doloroso momento de transição. Um período pesado e penoso. Na manhã seguinte, o veterinário sugeriu a eutanásia e não contestamos. Me senti mal por não poder dar uma opção melhor para aquela de quem ajudei a cuidar por quase 15 anos. O máximo que fiz foi ficar ali até que ela partisse, como que segurando sua mão. Senti seu coração batendo forte quando ela percebeu o que estava se passando, e o batimento acelerado continuou durante a aplicação dos medicamentos. Quando a pulsação parou, seus lábios e as almofadinhas de suas patas, que antes eram rosadas, tomaram um tom roxo. Ela já não estava mais ali naquele corpo e imaginei que pudesse estar pairando no ar, ou me perguntando o porquê daquilo tudo, ou me agradecendo pelo alívio da dor.

Já faz um ano. Um ano que troquei os passeios com a Milú pelo videogame. Achei que a partida dela iria mudar a minha rotina, mas agora sei que ela não me prendia, pois nada mudou. Não ter a responsabilidade de cuidar dela não me direcionou para nenhum caminho diferente que eu imaginei que pudesse ter levado.

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