segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Público de cinema


Recentemente assisti no cinema a dois filmes que estavam concorrendo ao Oscar. 127 horas e Cisne Negro. Dois filmes tensos. Um narra a história real de um aventureiro que ficou isolado, com o braço preso em uma rocha, passou fome e sede e por fim teve que cortar o próprio braço para sobreviver. O outro mostra o drama psicológico de uma bailarina paranóica e esquizofrênica com medo que lhe roubem o papel no espetáculo.

Mas deixando os méritos e críticas aos filmes, aconteceu que nas minhas duas idas ao cinema algumas pessoas da platéia riam durante a narrativa. E em ambos os tensos enredos, os protagonistas, cada um em seu filme, recorrem à masturbação como um recurso de alívio do desespero. E as pessoas riem no cinema. Riem porque as personagens se masturbam. Solitárias. Cada uma em seu filme. Mas se masturbam. Ou pelo menos pensam em se masturbar.

E a platéia ri.

Que publicozinho de merda. Gente ignorante. Essa gente acha engraçada a masturbação? Em American Pie tudo bem. É engraçado o personagem ir lá e comer a torta. Mas e em Jhony vai a Guerra? É engraçado?

Falta formação ao público de cinema.

Falta respeito à sexualidade.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Reação em Cadeia


Começou no mundo árabe no final do ano passado e ganhou destaque há pouco mais de um mês lá no Egito. Depois se espalhou para o Iêmen, Barein, Kwait... colocou foco na Tunísia e Argélia... reacendeu a ira no Iraque. Pessoas tocaram fogo em si mesmas na Síria, Arábia Saudita e Marrocos... e o caldeirão está fervendo na Líbia... sem falar nos pequenos protestos aqui e acolá, na reprimida Palestina e no Líbano... entre outros países árabes do Oriente Médio e do norte da África. Um efeito dominó que carrega a bandeira e o discurso da democracia no mundo árabe, mas que oculta interesses ainda não muito claros. Ou talvez talvez tão escuros como o Petróleo. Desta vez eu quero ver quem é que vai ser louco de meter a mão ali. E quando chegar em Israel? Boooom.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sobrevivendo


Me lembro da febre das locadoras assim que surgiu e se popularizou o aparelho video-cassete. Eu era moleque, então ia com meu pai alugar filmes do Jaspion, clássicos oitentistas como os Goonies, ou mesmo fitas de videogame pra jogar no Atari. Tinha locadoras por todo o bairro, algumas até especializadas em games. Do Atari passamos para o Master System, depois o Super Nes, Nintendo 64. Há quem tenha passado pelo Phantom System, Mega Drive, Playstation. A fita de videogame foi substituída pelo formato em CD/DVD. As fitas de video também foram substituídas pelos DVDs. A pirataria sempre existiu, mas com a democratização da tecnologia, ela deu um BOOM. Ficou fácil reproduzir filmes e jogos em casa ou comprá-los na feira a preços muito baixos. Muita discussão passou a envolver o tema e a música entrou na brincadeira com força total depois do surgimento do MP3, do Napster e afins. E hoje, a última locadora do meu bairro pena para sobreviver. O estabelecimento, que antigamente já chegou a ter dois andares, atualmente tem seu espaço reduzido e parece cada vez mais ter os dias contados. Mesmo sendo mais barato alugar filmes originais e contribuindo com aqueles que pagam impostos, muitos ainda preferem comprar cópias piratas e gerar mais resíduos.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Festa na repartição


Era dia de festa na repartição. Todos os recursos humanos e financeiros daquele setor estavam mobilizados para o recebimento da visita do Secretário. A chefe estava ansiosa, pois seria a primeira visita dele àquele prédio, que tinha sido conquistado por ela após a independência de seu departamento que passou a ser uma coordenadoria e que, coincidentemente, ficava ao lado de sua casa. Após dois anos de inauguração, o Secretário finalmente iria conhecer o prédio. E eis que ele chega com a maior cara de bosta. Seu mau-humor deixou todos indignados, menos a coitada da chefe que não parava de sorrir... pelo menos por fora. Ele chegou, deu um discurso de meia hora que agradou a poucos e foi embora com a mesma cara de bosta. Nem ficou para a festa que foi organizada para ele com recursos públicos. Tudo bem... ninguém queria que ele ficasse mesmo.

Moral da fábula: Não existe administração pública, pois o servidor não serve ao Estado, mas ao Governo.





quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Reconquistas...

A passos de formiguinha vou conseguindo entrar na linha. Hoje terminei de ler o meu primeiro livro inacabado deste ano: Morte na Mesopotâmia, da Agatha Christie. Também voltei a fazer exercícios físicos regularmente e me sinto muito bem. Consegui finalmente me cadastrar no site da Zupi para mostrar meus trabalhos e estou motivado a estudar anatomia feminina, que sempre foi um dos meus pontos fracos... no desenho, seus maliciosos. Estou buscando a transformação, o desenvolvimento. Estou fazendo como manda o ET Bilú. E ai venho e só consigo desenhar isso? Um auto-retrato sem vergonha?


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ronaldo

Hoje foi o dia em que se aposentou Ronaldo, o Fenômeno. Na minha opinião, esse cara superou Pelé e Maradona principalmente por ser um exemplo de superação e força de vontade. Me lembro dele moleque sendo campeão no banco de reservas em 1994. Em 1998 era a promessa e perdeu, depois arrebentou o joelho e disseram que ele estava acabado para o futebol. O cara deu a volta por cima e foi campeão em 2002. Tudo isso só falando de seleção. Não tenho muito mais o que dizer, a não ser colocar esse video que diz muito sobre a carreira deste ícone.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O tempo

Ser ou não ser. Fiquei sabendo hoje que faz 10 anos que entrei na USP para cursar a Escola de Comunicações e Artes. Parece que foi ontem. Meu longo cabelo eram apenas pequenos cotocos saindo do meu couro cabeludo. 10 anos. Eu era cheio de incertezas... e continuo sendo. Eu era moleque, e continuo sendo. Mas agora tenho mais malícia, mais experiência. Me lembro como foi passar no vestibular de uma universidade pública, me sentir o tal e depois, apenas com o tempo, perceber que eu era como qualquer um. Eu era mais um. Me lembro do dia da matrícula, do primeiro dia de aula, do segundo ano quando recebi meus primeiros bichos, dos amigos que fiz, do meu crescer intelectual, das viagens e festas de confraternização, dos estudos, dos atrasos, das brigas... eu estava lá na ECA entre 2001 e 2005. Vivi aquele tempo doido. Teve até o prédio que pegou fogo. Chorei, sorri... emoções vivi.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Triste Retrato


Saulo de Castro Abreu Filho, atual Secretário Estadual dos Transportes e Logística, ex-Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, teve sua casa invadida ontem por ladrões armados e ficou 3 horas em poder dos bandidos, junto com suas filhas.

Lamentável? Não acho. É irônico.

Quem trabalha nas secretarias do Estado está cansado de ver os figurões chegarem e se apropriarem do bem público e torná-los bens particulares. Secretários chegam para servir ao Estado, mas se servem dele, de seus recursos e de toda a sua infraestrutura. O bem público se torna algo secundário diante de egos, vaidades, megalomanias. O Estado passa a servir para fins políticos e lamentavelmente é fácil constatar que não existe administração pública. Existe o uso da máquina do Estado para fins pessoais, como por exemplo ajudar uma empresa X a lucrar mais ou ajudar um candidato Y a se eleger.

Mas o episódio mostrou que esses seres não são tão inatingíveis quanto pensam. O cara que era o bam-bam-bam da segurança pública, mesmo com seus investimentos particulares em portão eletrônico, câmeras de vigilância, cerca elétrica e bairro nobre, foi vítima ou da própria incompetência como Secretário de Segurança Pública ou do sistema ao qual se utilizou para mamar.

Quem trabalha nas secretarias também está cansado de ver esses figurões colocarem sua prole incompetente em cargos de altas responsabilidade e remuneração. Isso faz com que eu também não tenha tanta dó assim das meninas, que apenas ficaram reféns de um sistema ao qual elas mesmas podem estar ajudando a construir.

Que fique claro que em nenhum momento acusei o Secretário Saulo de Castro de nada. No máximo de incompetente. Quanto às irregularidades que apontei, sabemos que acontece em qualquer lugar... todo governo tem um caso de caixa 2 aqui, corrupção ali, nepotismo acolá. Não precisa ser necessariamente o caso das secretárias sob as quais Saulo de Castro esteve à frente. Mas pelo fato dele ter sido o homem da segurança pública, tudo isso se torna mais poético e ele serve de bode expiatório.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quem quer ser milionário?


Ontem assisti ao blockbuster A Rede Social, que conta a história do cara que criou o Facebook. Saí puto com raiva do Mark Zuckerberg, o mais jovem bilionário do mundo, que mais uma vez confirma a minha teoria de que ninguém fica rico sem ser muito filho da puta. E assim é desde os tempos do magnata John Rockefeller. Entretanto, hoje vai passar na televisão um filme que é um contraponto disso tudo. À Procura da Felicidade, com o Will Smith, também é baseado em uma história real e mostra que as vezes as pessoas conseguem algo com o próprio esforço e sem pisar nos outros. Reconfortante.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Música Univesitária


No princípio foi o forró que foi contemplado com a vertente universitária. Se referia ao forró feito por quem não era nordestino. Depois veio o pagode universitário, tocado por brancos. Pra encerrar com chave de outro, estourou o sertanejo universitário, consagrado por quem não é caipira. Contantemente no palco do domingão, esses dissidentes da raiz me fazem indagar: mas por que universitário? Esse rótulo não dá a entender que nordestinos, negros e caipiras não estudam? Me explica essa, Faustão...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tudo meio meia boca


No último ano da minha terceira década de vida começo a retomar velhos anseios. A mesma pressa juvenil de desenvolvimento e conquista imediata toma conta da minha corrente sanguínea. A consciência de que o que faço poderia estar melhor, transborda. E com um passo de cada vez se retomam velhos caminhos. O que vem fácil, vai fácil. E o que se alicerça de maneira sólida corre menor risco de ruir.

Desenho, pintura, interpretação, atuação, dublagem, redação, poesia, música, canto, composição, expressão total que emana do artista. Um lápis, um pincel, um violão, uma folha de papel... a vontade. A atitude. A transgressão.

As tecnologias. A ciência defasou alguns e catalisou o processo de outros. A forma de desenvolvimento mudou, mas os processos políticos continuam os mesmos. Os mesmos a serem dominados. Os mesmos a serem transgredidos pelo artista. E só entrando nesse paradoxo é que se saí da mediocridade.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Refinamento


Início de ano no Brasil é sempre igual. As chuvas já começam alagando tudo muito antes das Águas de Março. Alguns anseiam pela chegada do Carnaval enquanto outros ojerizam. O mesmo acontece com o programa televisivo Big Brother Brasil.

O programa foi inspirado no livro 1984 de George Orwell, que conta a história de uma ditadura fictícia, mas com fortes semelhanças com a história e com os contextos contemporâneos, onde todos são vigiados o tempo todo. A figura do ditador nessa trama era o Grande Irmão, ou Big Brother. A obra de Orwell é aclamada e tem uma adpatação extremamente fiel para o cinema. Entretanto, o programa televisivo que se tornou uma rentável franquia sempre gera polêmicas. Mas polêmica é bom para se estabelecerem contrapontos.

Neste ano, diferente do anterior, o programa está realmente ruim. Parece que o diretor Boninho errou na mão na hora de escolher os participantes. Esta é a minha crítica e não pretendo me aprofundar nela no momento, pois este post se trata da pobreza de argumentos que, ano após ano, se criam(e há controvérsias se esse é o melhor verbo) para criticar o BBB. A edição deste ano de 2011 é completamente diferente da do ano passado e muito mais ainda daquelas duas primeiras que aconteceram no ano 2002. Dessa forma, não cabe utilizar os mesmos argumentos de sempre para criticar, de forma que a crítica não constitui um pensamento crítico. E para que o pensamento crítico seja constituído, não penso que seja necessário uma masturbação mental com caráter quantitativo de palavras e palavreado rebuscado. As vezes uma palavra, uma imagem ou mesmo um olhar pode expressar todo um aprofundamento que está implícito em sua estética. Mas aí vem aquele monte de e-mails na nossa caixa criticando o BBB. Boa parte deles assinado pelo autor oniescrevente Luís Fernando Veríssimo. Também chegam twits e retwits. Tudo expressando um pensamento pudico e hipócrita. Aquela mesma ladainha de sempre de que o programa está uma baixaria, de que as pessoas querem conteúdo e de que "eu não assisto, mas estava zapeando ou passando pela sala com a televisão ligada e me deparei com aquela cena." A mesma pobreza de argumentos de sempre e que consegue ser mais redundantes do que eu. Imperativos de largar a televisão para se ler um livro, como se fossem formas de expressão e entretenimento excludentes, e não complementares.

Acredito sim que os realitys shows são uma forma alternativa e, dependendo do ponto de vista, evoluída da teledramaturgia, mas não excluindo-a pois a forma clássica também se adpata aos novos contextos. E como toda a dramaturgia, há boas e más, adequadas e inadequadas, mas o que não deixa de ser apenas uma questão de ponto de vista e que a pobreza e a repetição de argumentos já defasados e saturados não contribuem para o seu desenvolvimento.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Motim

Segundo o Wikipédia, "Motim é uma insurreição de grupos não homogêneos, organizada ou não, contra qualquer autoridade instituída. Caracteriza-se por atos explícitos de desobediência a autoridades ou contra a ordem pública, sendo freqüentemente acompanhado de tumulto, vandalismo contra a propriedade pública e privada (lojas, automóveis, sedes de instituições, etc.) e atos de violência contra pessoas." E expressão artística nem sempre vem apenas para cumprir seu valor estético, entreter ou sensibilizar. Muitas vezes ela vem com agressividade. Violência que pode também sensibilizar, entreter e constituir beleza. Expressão que choca. Causa reação. Faz o mundo girar. Entorna. Transforma.

Destitui valores de seus postos ancestrais. Constrói uma nova paisagem a seu bel prazer. Atende a interesses, pequenos ou grandes, não importa. De pequenos ou de grandes, também não importa. Devasta civilizações ou alfineta uma pessoa. Boa ou má, mas sempre intencionada. Cruel. Ainda sim, arte.

Um ponto de vista. Uma inserção em um contexto. Uma transcedência.

Um acordar de manhã, levantar e começar...

Se unir. Agregar. Transmitir. Compartilhar... se amotinar.