quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Refinamento


Início de ano no Brasil é sempre igual. As chuvas já começam alagando tudo muito antes das Águas de Março. Alguns anseiam pela chegada do Carnaval enquanto outros ojerizam. O mesmo acontece com o programa televisivo Big Brother Brasil.

O programa foi inspirado no livro 1984 de George Orwell, que conta a história de uma ditadura fictícia, mas com fortes semelhanças com a história e com os contextos contemporâneos, onde todos são vigiados o tempo todo. A figura do ditador nessa trama era o Grande Irmão, ou Big Brother. A obra de Orwell é aclamada e tem uma adpatação extremamente fiel para o cinema. Entretanto, o programa televisivo que se tornou uma rentável franquia sempre gera polêmicas. Mas polêmica é bom para se estabelecerem contrapontos.

Neste ano, diferente do anterior, o programa está realmente ruim. Parece que o diretor Boninho errou na mão na hora de escolher os participantes. Esta é a minha crítica e não pretendo me aprofundar nela no momento, pois este post se trata da pobreza de argumentos que, ano após ano, se criam(e há controvérsias se esse é o melhor verbo) para criticar o BBB. A edição deste ano de 2011 é completamente diferente da do ano passado e muito mais ainda daquelas duas primeiras que aconteceram no ano 2002. Dessa forma, não cabe utilizar os mesmos argumentos de sempre para criticar, de forma que a crítica não constitui um pensamento crítico. E para que o pensamento crítico seja constituído, não penso que seja necessário uma masturbação mental com caráter quantitativo de palavras e palavreado rebuscado. As vezes uma palavra, uma imagem ou mesmo um olhar pode expressar todo um aprofundamento que está implícito em sua estética. Mas aí vem aquele monte de e-mails na nossa caixa criticando o BBB. Boa parte deles assinado pelo autor oniescrevente Luís Fernando Veríssimo. Também chegam twits e retwits. Tudo expressando um pensamento pudico e hipócrita. Aquela mesma ladainha de sempre de que o programa está uma baixaria, de que as pessoas querem conteúdo e de que "eu não assisto, mas estava zapeando ou passando pela sala com a televisão ligada e me deparei com aquela cena." A mesma pobreza de argumentos de sempre e que consegue ser mais redundantes do que eu. Imperativos de largar a televisão para se ler um livro, como se fossem formas de expressão e entretenimento excludentes, e não complementares.

Acredito sim que os realitys shows são uma forma alternativa e, dependendo do ponto de vista, evoluída da teledramaturgia, mas não excluindo-a pois a forma clássica também se adpata aos novos contextos. E como toda a dramaturgia, há boas e más, adequadas e inadequadas, mas o que não deixa de ser apenas uma questão de ponto de vista e que a pobreza e a repetição de argumentos já defasados e saturados não contribuem para o seu desenvolvimento.

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