sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Última centelha

Eu não poderia encerrar as atividades do blog com algum humorzinho barato (ou nem isso) daqueles que a gente escreve correndo e sem muito cuidado só para que o blog não permaneça parado. Resolvi encerrar com alguma reflexão um pouquinho mais avançada, ainda que pretenciosa. Hoje é dia 30 e faço 30. Me torno bauzaquiano e me despeço dos vinte e poucos anos descritos por Fábio Junior. Aproveito para dizer que 2011 foi uma merda e espero que acabe logo... e que venha o ano do fim do mundo. Pois vamos à reflexão:

Semana passada fui fazer um teste para um comercial. Na fila, duas pessoas discutiam: Um era um semi-oriental com costeletas de Wolverine e óculos de John Lennon. A outra, uma ruiva legítima cujo alaranjado do cabelo e o branco da pele estouravam o menos sensível dos ISOs. Ambos aproximadamente na mesma a faixa etária que eu.

Começaram a discutir aquele velho papo sobre infância, sobre juventude, sobre a fita cassete e sobre os tablets e blá blá blá. E eu lá, só ouvindo, mas meio de saco cheio. Discutiam sobre o gigantesco salto tecnológico que aconteceu nos últimos 20, 30 anos, e que nós presenciamos, acompanhamos e do qual participamos. Uns acham que vamos saltar cada vez mais. Outros acham que vamos voltar e abandonar a tecnologia, ou que um dia ela vai se acabar por si só, e vamos ter que voltar a curtir o sol, a natureza, as coisas naturais e palpáveis. A ruiva falou que agora era tudo caminhava para a preservação do meio ambiente. Discordei em silêncio, pois só vejo as coisas andando pra trás. Começaram a falar sobre as relações de trabalho e então foi que um terceiro elemento entrou na conversa, um loiro de olhos azuis, aparentemente menos hippie que os outros. Ele disse que o desenvolvimento tecnologico nos deu condições para perder menos tempo com determinadas atividades, e realmente possibilitou que fizéssemos determinadas tarefas com maior agilidade. Podemos conversar com pessoas do outro lado do mundo, enviar um e-mail que chega instantaneamente, escrever e imprimir um documento, publicar um artigo, uma notícia, enviar uma foto para outro país e ela ser imediatamente publicada por lá, etc. Entretanto, como agora fazemos as coisas mais rapidamente, nos dão mais coisas para fazer... e fazemos mais e mais. A tecnologia que agilizou os processos, e que aparentemente devia nos dar mais tempo, apenas nos tirou o tempo, pois fazemos mais e mais coisas. E ela possibilita que continuemos sem tempo. Interessante. Inteligente. Algo de produtivo saiu daquela discussão. E eu nem me manifestei ali, tirando minhas caras e bocas. Apenas ouvi e me apropriei da idéia.

E até amanhã.

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